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Edição 2024

3ª etapa: 2 vencedores, 2 nacionalidades

Caminhando com os mortos, de Micheliny Verunschk, e Uma colheita de silêncios, de Nuno Júdice, são os vencedores do Prêmio Oceanos de Literatura em Língua Portuguesa 2024

O Prêmio Oceanos chegou à sua terceira e última etapa com o anúncio dos livros vencedores da edição 2024, feito no dia 5 de dezembro, no auditório principal do Itaú Cultural. Nas categorias prosa e poesia, venceram respectivamente os livros Caminhando com os mortos, de Micheliny Verunschk, da Companhia das Letras (Brasil), e Uma colheita de silêncios, de Nuno Júdice, da Dom Quixote (Portugal).

O superintendente do Itaú Cultural, Jader Rosa, deu as boas-vindas ao público, e a cerimônia foi então conduzida por Selma Caetano, coordenadora do prêmio e diretora da Oceanos Cultura, e pelo curador no Brasil, Manuel da Costa Pinto. A direção artística coube a Romulo Fróes e a executiva, a Ana Cunha e Marise Hansen.

A festa também homenageou os 10 autores finalistas desta edição que, segundo Costa Pinto, podem ser considerados vencedores, uma vez que foram selecionados entre quase 3 mil livros concorrentes, passaram por três difíceis etapas classificatórias, vencendo uma árdua batalha até chegar à lista de finalistas.

Diante de um auditório repleto, os três músicos, Romulo Fróes, Luiza Brina e Rodrigo Campos, cantaram canções baseadas nos livros finalistas, compostas por Romulo Fróes, especialmente para a noite, a partir de trechos e poemas selecionados de cada livro finalista.

Selma Caetano destacou a relação entre poesia e letra de canção, que tem forte tradição no Brasil. Os artistas puderam comprovar que a poesia, quando entoada e acompanhada de melodia, se corporifica, potencializa o apelo aos sentidos e à sensibilidade, e resgata suas origens, ligadas à música. As canções eram intercaladas com comentários sobre os livros, enquanto as capas das obras e as fotos dos autores eram projetadas no telão, numa articulação entre som e imagem que emocionou o público e os finalistas.

A festa contou com representantes de várias instituições ligadas à leitura, ao livro e à literatura, como o Instituto Camões, a SP Leituras, a Biblioteca Mário de Andrade, a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, a organização social Poiesis, o Museu da Língua Portuguesa, o IMS - Instituto Moreira Salles, a CBL (Câmara Brasileira do Livro), a UBE (União Brasileira de Escritores). Nomeando as instituições, os mestres de cerimônia mencionaram a necessidade de uma ação coletiva para mudar o quadro que se apresenta atualmente, o do Brasil como um “país de não-leitores”. Selma Caetano observou ainda que o fato de estarem ali, coesos, prestigiando um prêmio literário de língua portuguesa, demonstra que devemos unir a todos numa parceria para realizar uma ação conjunta de incentivo à leitura.  

Jurandy Valença, diretor da Biblioteca Mário de Andrade, anunciou o livro vencedor de prosa, e Alexandra Pinho, diretora do Instituto Camões, anunciou o livro vencedor de poesia.

Valença reforçou a importância das instituições ligadas ao livro e à leitura, sobretudo diante de um cenário como o que se apresentou na pesquisa “Retratos da leitura”, divulgada em novembro, segundo a qual o Brasil tem hoje um número maior de não-leitores que de leitores. Alexandra Pinho saudou a “celebração das Literaturas em Língua Portuguesa que atravessam oceanos e hoje convergem para o Itaú Cultural em São Paulo”; em seguida, leu uma carta de Bruno Eiras, sub-diretor da DGLab – Direção-geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas de Portugal, parceiro que viabiliza a participação de jurados e curadores portugueses. Na carta, Eiras transmitiu seu desejo de que “estes e outros vencedores do Prémio Oceanos (passados e futuros) cheguem aos leitores nas livrarias, bibliotecas e ruas, em formato impresso ou digital, como um símbolo de que através da leitura podemos construir um mundo melhor e mais empático”.

Os grandes homenageados da noite foram os dez finalistas. Dentre eles, estiveram presentes Airton Sousa, Juliana Krapp, Rodrigo Lobo Damasceno, Micheliny Verunschk e João Silvério Trevisan. A escritora portuguesa Hélia Correia, os cabo-verdianos Germano Almeida e José Luiz Tavares, e o moçambicano Álvaro Taruma não puderam comparecer, mas tiveram também seus livros apresentados em forma de canções. 

Caminhando com os mortos é o segundo livro do projeto que a autora denomina “Tetralogia do mato” (o primeiro é O som do rugido da onça, que foi o terceiro lugar do Prêmio Oceanos em 2022). O romance trata das consequências do fundamentalismo religioso, que envolvem preconceito, violência e misoginia, ao mesmo tempo em que vê no “mato” uma fresta de esperança.

Uma colheita de silêncios, último livro de Nuno Júdice, expressa a melancolia frente à passagem do tempo e a ternura em relação àquilo que é indelével: a memória.

O poeta faleceu este ano, após o livro ter sido inscrito no Oceanos e distribuído entre os jurados que tinham a missão de avaliá-lo. Assim, por regulamento, “Uma colheita de silêncios” continuou a concorrer. Júdice é um dos poetas portugueses com maior reconhecimento internacional.  

Assista à cerimônia no canal Oceanos no Youtube: https://www.youtube.com/live/Z5cTNUVA694?feature=shared 

Confira algumas fotos do evento na galeria.

O prêmio

A curadoria do Prêmio Oceanos é de Matilde Santos, de Cabo Verde, João Fenhane, de Moçambique, Isabel Lucas, de Portugal, e Manuel da Costa Pinto, do Brasil, com coordenação geral de Selma Caetano.

A cada ano, o Oceanos vem recebendo mais inscrições, e de maior número de diferentes países. Ano a ano, novos recordes de inscrição são batidos tanto no Brasil, quanto em Portugal e nos países africanos, em especial Moçambique e Cabo-Verde, o que mostra não só a importância crescente do prêmio no calendário cultural internacional, como também o vigor literário da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. O histórico de inscrições do Prêmio de 2015 a 2023 está disponível no site: oceanosmapeamento.com.

O Oceanos é realizado via Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), pelo Ministério da Cultura, e conta com o patrocínio do Banco Itaú, da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas da República Portuguesa, o apoio do Itaú Cultural, da Biblioteca Nacional de Moçambique e do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde; e o apoio institucional da CPLP. O Prêmio Oceanos é administrado pela Associação Oceanos.

2a. etapa: 10 finalistas, 4 nacionalidades

No dia 29 de outubro, foram anunciados os dez finalistas do Prêmio Oceanos, cinco de prosa e cinco de poesia.

Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal estão representados no conjunto, que conta com cinco brasileiros (Airton Souza, João Silvério Trevisan e Micheliny Verunschk, na prosa; Juliana Krapp e Rodrigo Lobo Damasceno, na poesia); dois cabo-verdianos (Germano Almeida, na prosa; José Luiz Tavares, na poesia); um moçambicano (Álvaro Taruma, na poesia) e dois portugueses (Hélia Correia, na prosa; Nuno Júdice, na poesia).

As obras finalistas são, na prosa:

Caminhando com os mortos (Micheliny Verunschk) Companhia das Letras

Certas raízes (Hélia Correia) Editora Relógio D’Água

Meu irmão, eu mesmo (João Silvério Trevisan) Alfaguara

Os infortúnios de um governador nos trópicos (Germano Almeida) Editorial Caminho

Outono de carne estranha (Airton Souza) Editora Record

e, na poesia:

 Criação do fogo (Álvaro Taruma) Alcance Editores

Limalha (Rodrigo Lobo Damasceno) Corsario-satã

Perder o pio a emendar a morte (José Luiz Tavares) The poets and dragons Society

Uma colheita de silêncios (Nuno Júdice) Dom Quixote

Uma volta pela lagoa (Juliana Krapp) Círculo de poemas

 Essa etapa do Oceanos evidencia, assim, o caráter plural e internacional do Prêmio. Além desse alcance, revela-se também um rico leque temático e uma notória abrangência estilística. Os romances se voltam a épocas distintas, situando-se em passado histórico mais remoto (o século XIX do livro do cabo-verdiano Germano Almeida) ou mais recente (o garimpo em Serra Pelada, na década de 1980, no livro de Airton de Souza). Tratam também de tragédias sociais, como faz o livro de Micheliny Verunschk, e de dramas pessoais e existenciais, como ocorre no romance autobiográfico de João Silvério Trevisan. Já a tendência à mescla entre realidade e fantasia se encontra nos contos de Hélia Correia, que, no entanto, também apresentam uma visão crítica acerca de um mundo que desumaniza.

Na poesia, tem-se a transcendência e a investigação dos mistérios da poesia nos poemas de Nuno Júdice, ao lado do olhar para uma realidade concreta, injusta e opressora nos livros de Álvaro Taruma, José Luiz Tavares e Rodrigo Lobo Damasceno. Embora todos esses problematizem a própria poesia, o livro de Juliana Krapp enfatiza esse aspecto, ao pôr em cena o fascínio e os riscos de se conhecer e manusear a linguagem.

Dia 05 de dezembro, conheceremos os dois vencedores do Oceanos, um na categoria prosa, outra na de poesia, que serão eleitos por um júri especializado em cada uma, com membros de Brasil, Portugal e Moçambique.

Assista aos finalistas e curadores comentando sobre as obras no canal do Prêmio Oceanos no YouTube:

Criação do fogo, de Álvaro Taruma - https://www.youtube.com/shorts/aqA-ERlVpAo 

Uma volta pela lagoa, de Juliana Krapp - https://www.youtube.com/shorts/E4xO4aDxPxk 

Limalha, de Rodrigo Lobo Damasceno - https://www.youtube.com/shorts/447iavGTUKs 

Perder o pio a emendar a morte, de José Luiz Tavares - https://youtube.com/shorts/D94IkJPJjbc

Caminhando com os mortos, de Micheliny Verunschk - https://youtube.com/shorts/E1NqYEsW0rY 

Outono de carne estranha, de Airton Souza - https://www.youtube.com/watch?v=8ib5jpx0i7I&t=30s 

Meu irmão, eu mesmo, de João Silvério Trevisan - https://www.youtube.com/watch?v=ZV__0F3ycmI 

Certas raízes, de Hélia Correia - https://youtube.com/shorts/wVfuH2q4b4Y 

Júri da categoria prosa

Andréa Del Fuego

Caetano Galindo

Manuel Frias Martins

Maria Antónia Oliveira

Nataniel Ngomane

Júri da categoria poesia 

Amara Moira

Fábio Weintraub

Marcos Siscar

Maria João Cantinho

Nuno Félix

A cerimônia de anúncio dos dois vencedores será realizada na Sala Itaú Cultural, dia 05/12/2024.

1ª etapa: 60 semifinalistas, 37 editoras, 4 nacionalidades

Nessa 1ª etapa, dois júris especializados, um de prosa e outro de poesia, formados por profissionais de Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal, trabalharam por mais de quatro meses para avaliar as obras inscritas e eleger os 30 primeiros classificados de poesia e os 30 de prosa. A especialização do júri permite uma análise mais qualificada, pois contempla a especificidade dos diferentes gêneros literários.

As autoras e autores semifinalistas são de quatro diferentes nacionalidades: Brasil, Portugal, Moçambique e Cabo Verde. Tanto o júri quanto o resultado da primeira etapa vêm ao encontro dos princípios de valorização da língua portuguesa postulados pelo Prêmio.

Chama a atenção a quantidade e a diversidade de editoras: as 60 obras semifinalistas foram publicadas por 37 casas editoriais distintas, dos grandes grupos às independentes, de diferentes perfis e nacionalidades.

Conheça os semifinalistas de Prosa e Poesia

Diversidade

O perfil dos 60 autores semifinalistas é bem diversificado, composto por escritoras e escritores tanto veteranos, com dezenas de obras publicadas, quanto estreantes.

Na categoria prosa, foram eleitos 19 romances, 7 livros de contos, 2 de crônicas e 2 dramaturgias. Parte dessa produção atualiza o passado, em narrativas de ambientação histórica que percorrem do século XVI ao século XX, enquanto outra parte dialoga com o presente de um mundo em crise, flagrando a morte, as várias formas de violência, intolerância, fundamentalismo e discriminação, sem deixar de lado a sensibilidade, a fantasia e a liberdade.

Quando se considera a poesia, pode-se falar ainda de uma outra diversidade, relativa aos estilos, que contemplam desde a ressignificação formas tradicionais, como o soneto, até a mescla de gêneros, com poemas em prosa e versos de dicção prosaica. Temas tanto atemporais quanto contemporâneos, como as guerras, as faces da resistência, a pandemia, as trincheiras das identidades e o fazer poético como ficção, estão presentes nos 30 livros semifinalistas brasileiros e estrangeiros na categoria Poesia.

Prêmio Oceanos 2024 recebe inscrições de 28 países diferentes

O Prêmio Oceanos 2024 encerrou o período de inscrições com números que atestam sua vocação internacional. Ao todo, foram inscritos 2619 livros de autores residentes em 28 países – 1204 são poesias, 836 são romances, 389 são contos, 156 são crônicas e 34 são dramaturgias. Eles foram publicados por 459 editoras de seis países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Itália, Moçambique e Portugal.

Participam da premiação escritores de 15 nacionalidades: Angola, Argentina, Brasil, Cabo Verde, Chile, Colômbia, Espanha, Guiné-Bissau, Índia, Itália, Moçambique, Palestina, Portugal, São Tomé e Príncipe e Uruguai. Representando um aumento de 25% em relação ao ano passado.

Conheça os livros inscritos de poesia

Conheça os livros inscritos de prosa

Conheça o Júri Inicial que avaliou os livros inscritos

Próximos passos

Após o anúncio dos semifinalistas, o júri intermediário, eleito pelo júri anterior, seleciona os finalistas nas duas categorias, prosa e poesia, que serão anunciados em outubro. Na prosa, o júri intermediário é composto pelos brasileiros Carola Saavedra e Cristóvão Tezza; os portugueses António Araujo e Simão Valente; e pela moçambicana Teresa Manjate. Na poesia, pelos brasileiros Ademir Assunção e Luiza Romão; pelos portugueses Helena Buescu e Hugo Pinto Santos; e pela moçambicana Teresa Noronha.

Por fim, na terceira etapa, o júri final elege os dois vencedores – um de poesia e outro de prosa, anunciados em dezembro em cerimônia realizada no Itaú Cultural. A premiação é de 300 mil reais, 150 mil para cada um dos ganhadores.

Curadoria

A curadoria do Oceanos é formada por Matilde Santos, presidente do Conselho Diretivo da Biblioteca Nacional de Cabo Verde; João Fenhane, Diretor da Biblioteca Nacional de Moçambique, e pelos jornalistas Isabel Lucas, de Portugal, e Manuel da Costa Pinto, do Brasil. Conta com a coordenação da gestora cultural luso-brasileira Selma Caetano.

Selma Caetano e Manuel da Costa Pinto
Selma Caetano e Manuel da Costa Pinto
Jader Rosa (Itaú Cultural)
Jader Rosa (Itaú Cultural)
Alexandra Pinho, Instituto Camões
Alexandra Pinho, Instituto Camões
Jurandy Valença, Biblioteca Mário de Andrade
Jurandy Valença, Biblioteca Mário de Andrade
Micheliny Verunschk
Micheliny Verunschk
Sala Itaú Cultural - Os músicos Romulo Fróes, Luiza Brina e Rodrigo Campos
Sala Itaú Cultural - Os músicos Romulo Fróes, Luiza Brina e Rodrigo Campos
O Cônsul-Geral António Pedro Rodrigues da Silva, Alexandra Pinho, Selma Caetano e Jurandy Valença
O Cônsul-Geral António Pedro Rodrigues da Silva, Alexandra Pinho, Selma Caetano e Jurandy Valença
Selma Caetano e parte da equipe Oceanos: Ana Cunha e Marise Hansen
Selma Caetano e parte da equipe Oceanos: Ana Cunha e Marise Hansen

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